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Emília Dausse

(Nascida em 1953, morta em combate a 11 de Novembro de 1973)

PDF [/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”3/4″][vc_column_text]Emília Dausse – Curta Biografia CEPCB

Emília Daússe Thembo nasceu em 1953, no povoado de Nyaakamba, província de Tete. É filha de Daússe Chibozo Thembo e de Joanica Faqueiro. Este casal teve outros filhos, a saber, Noliana, Kandime, Criminosa, Kamboy, Jorge, Alberto e Sande. Daússe Thembo, pai de Emília era originário da Rodésia do Sul, actual Zimbabwe. Frequentou o ensino elementar na Escola Primária e Missionária local, por volta de 1965, onde concluiu a 2ª Classe, em 1969. Segundo relatos de um professor, nesta escola, ela foi uma das alunas com o melhor aproveitamento na sua turma.

O seu contributo no processo de construção do Estado em Moçambique, ocorreu durante o período da luta de libertação nacional, quando formalmente ingressou na Frelimo em 1971, na Base de Nyambhandu, no distrito de Changara. Cresceu em meio ao clima da luta de libertação nacional de Moçambique, desencadeada pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) contra o Governo colonial Português, tendo estado activa na frente de Tete.

Os contactos iniciais de Emília Daússe com a Frelimo começam quando ela integra o grupo de mulheres da comunidade, sensibilizadas e mobilizadas para contribuir na entrega de alimentos aos guerrilheiros junto do rio Nyaticoma, fingindo perante às autoridades coloniais que estas se deslocavam em busca de água. A essa altura, Emília Daússe, começava a exteriorizar o seu espírito nacionalista, manifestando a sua indignação diante do sistema de administração colonial.

No povoado onde residia, a Frelimo decidiu reabrir a frente de Tete (suspensa em 1965), contando com a mobilização das comunidades locais de forma a dar suporte logístico e material à guerra revolucionária. E foi nesse contexto que, grupos de guerrilheiros da Frelimo em Março de 1971, estabeleceram-se em Nyaakamba, próximo ao Rio Nyaticoma, com os naturais da zona, dentre os quais um irmão da Emília Daússe.

Destacou-se como uma das mais activas dinamizadoras e orientadoras do movimento de apoio aos guerrilheiros. Emília Daússe realizou os seus treinos político-militares no Campo de Nachingwea, na Tanzania, onde chegou em Março de 1972, na companhia de outras militantes vindas da Frente de Tete. Após o término dos treinos político-militares em Nachingwea, Emília Daússe regressou ao interior da Província de Tete, por volta de Setembro de 1972. Nesta Frente, o grupo dirigiu-se primeiramente à Base de Chadiza, um local próximo à fronteira com a Zâmbia, no Primeiro Sector. A partir desta base, o grupo foi desmembrado em pequenos contingentes, e enviados para os diferentes sectores. Assim, a título de exemplo, Maria da Piedade foi para a Base Mazeze, em Fíngòe, no Primeiro Sector; Létia Caponda para a Base Chirungo, em Chifunde, no Segundo Sector; e Emília Daússe para a Base Kassuende, no Primeiro Sector.

Em pouco tempo alcançou posições de liderança. Após o seu treino político-militar na Tanzania em 1972, comandou um pelotão de cerca de 40 combatentes (homens e mulheres). Como jovem guerrilheira, foi das mais activas mulheres, tendo recrutado muitos combatentes na província de Tete.

Para além das actividades supra-referidas, Daússe destacou-se na produção agrícola, pertinente para o abastecimento aos guerrilheiros, bem como para a alimentação das crianças nos centros educacionais das Zonas Libertadas. Frequentemente, integrava à equipe de transporte de alimentos como milho, mapira, mexoeira e legumes em zonas propensas ao perigo de bombardeios, emboscadas, minas anti-pessoais, travessia de riachos caudalosos, entre outras adversidades.

Emília Daússe perdeu a vida a 11 de Novembro de 1973, vítima de um ataque e/ou emboscada da tropa colonial portuguesa, após algumas investidas em desmantelar a Base de Nyaluiro, onde Emília Daússe encontrava-se a desempenhar as suas actividades de transporte de material de guerra e víveres. Emília Daússe não teve filhos pois morreu muito jovem ainda. Os seus parentes directos são filhos e netos dos seus dois irmãos, que também já perderam a vida.

Hoje heroína nacional, Daússe é relembrada como uma jovem guerrilheira, líder e mobilizadora de homens e mulheres à causa da independência de Moçambique. Tal como muitas outras mulheres do seu tempo, ela simboliza a agência feminina nos processos políticos no país. A sua posição de heroicidade somente a “servir” aos guerrilheiros na luta armada é mais uma consequência de processos não favoráveis à uma real igualdade da mulher, do que um atestado às suas reais capacidades políticas e militares.

WORD: Biografia de Emilia Dausse fINAL-REVISTO-17-12-2022

PDF: Biografia de Emilia Dausse fINAL-REVISTO-17-12-2022

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