[vc_row][vc_column width=”1/4″][vc_column_text]

Samora Moisés Machel

( 29 de Setembro de 1933 a 19 de Outubro de 1986)

PDF [/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”3/4″][vc_column_text]Samora Moisés Machel – Curta Biografia CEPCB

Samora Moisés Machel, filho de camponeses – Mandande Moisés Machel e de Gougnia Thema Zimba, nasceu a 29 de Setembro de 1933 na aldeia dever Xilembene, na província de Gaza[1]. Na região onde nasceu foi edificado pelo colonialismo português um dos maiores colonatos de fixação de colonos agricultores, e os confrontos permanentes pela expropriação das terras de seu pai e as outras inúmeras formas de opressão foram uma parte constante da vida de Samora[2].

Moçambique passou por três fases da construção do Estado: o período colonial, o período do monopartidarismo/democracia popular e o período do multipartidarismo/democracia liberal. No período colonial, Samora Machel tornou-se assimilado, a única via que os moçambicanos tinham na altura para estudar e trabalhar no sector formal da economia e no Estado. Trabalhou como auxiliar de enfermagem no hospital de Lourenço Marques.

A sua participação no processo da construção do Estado moçambicano, data desde o período colonial quando em 1963, Samora Machel integra o movimento da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), estabelecida em 1962, e nesse percurso foi enviado a vários países africanos para receber treino militar. Liderou várias operações militares e foi nomeado secretário da defesa, em 1966, e comandante-chefe, em 1968. Em 1969, juntamente com Marcelino dos Santos e Urias Simango formam um triunvirato para assumir a liderança da Frelimo no âmbito da luta pelo poder após a morte por assassinato de Eduardo Mondlane. No ano seguinte (1970), Samora assumiu a liderança total do movimento com o afastamento de Urias Simango e o apoio de Marcelino dos Santos.

Foi sob a direcção de Machel que se desenvolveu a Luta de Libertação Nacional até ao seu final em 1974 com o colapso final do regime português[3] após a Revolução dos Cravos, no início da Terceira Onda Democrática no mundo moderno. A 7 de Setembro do mesmo ano, Samora Machel participa da assinatura dos Acordos de Lusaka, que reconhecia o direito do povo moçambicano à independência e conseguiu com que Portugal aceitasse transferir os poderes que detinha sobre Moçambique para a Frelimo[4]. A 25 de Junho de 1975, proclamou a independência de Moçambique, tornando-se no primeiro presidente do país.

Machel simboliza tanto a grandeza do processo de emancipação económica e política do Moçambicano, como alguns dos extremos de violência directa e estrutural do Estado no pós-independência. Foi sob a liderança de Samora Machel que Moçambique implementou um dos maiores programas de massificação dos serviços sociais no mundo moderno, sobretudo nas áreas de saúde e educação, tornando o país um exemplo para a comunidade internacional.

A massificação da educação não foi somente pela expansão dos estabelecimentos de ensino, mas também da criação de condições que permitissem a estudantes de famílias carenciadas a frequentar o ensino escolar a partir do nível elementar até o superior (universitário) sob a responsabilidade do Estado. Da mesma forma, houve o estabelecimento e massificação dos serviços de saúde gratuito, que contribuíram para erradicação de muitas doenças até então endémicas no país e no mundo.

Os direitos sócias e económicos das mulheres foram igualmente respeitados, promovidos e defendidos no regime de Samora, tanto no processo de formação profissional (por exemplo enfermeiras) e contra assédio no espaço público como também contra normas culturais que mantinham raparigas fora da educação formal ou em casamentos prematuros.

Do outro lado da moeda, Samora corporizou no país a ditadura socialista e o monopartidarismo. Assumiu uma postura nacionalista e socialista ao extremo, que se confundiu com autoritarismo, devido as políticas que adoptou no período da definição do modelo de Estado pós-colonial e pela intolerância do pensar diferente. Foram exemplo (i) as nacionalizações das infra-estruturas sociais e económicas para o Estado, (ii) a socialização do campo, (iii) a operação produção de 1983 e a criação dos improdutivos urbanos, (iv) os campos de reeducação para as prostitutas, (v) a marginalização das autoridades tradicionais/locais, com a ideia de matar a tribo para fazer a nascer a nação. Estas, entre outras medidas, tornaram Samora Machel uma figura impopular para uma parte considerável dos segmentos da sociedade moçambicana, e são consideradas uma causa importante na socialização da guerra em Moçambique, permitindo que esta se transformasse de guerra de desestabilização em guerra civil.

Líder carismático e com ideias revolucionárias de inspiração socialista, Samora Machel dirigiu o país desde a independência e passando pelo início da guerra dos 16 anos (1976-1992), entre o governo de Moçambique (Frelimo) e a Renamo (com apoio da Rodésia do Sul e da África do Sul). Em 1984 assinou o acordo de Nkomati com a África do Sul, com objectivo de manter a boa vizinhança e pôr fim imediato à guerra civil. Com o colapso da economia nacional (devido a guerra civil, secas, infra-estruturas destruídas, e baixa produtividade), em 1985, Samora inicia uma digressão pelo Ocidente, em busca de assistência financeira para o país, lançando as bases para a liberalização da economia do país.

Samora Machel não conseguiu ver realizados os seus propósitos. Em 19 de Outubro de 1986, quando se encontrava de regresso de uma reunião internacional em Lusaka, a aeronave Tupolev 134A em que seguia, se despenhou em Mbuzini. Apesar de ser considerado herói nacional, parte das políticas sociais que implementou após a independência, sofreram enormes contestações no seio da sociedade urbana e rural de Moçambique.

Como qualquer grande figura histórica, Samora Machel foi um líder contestado, isso em parte por causa das dinâmicas extremas e destrutivas inerentes a processos políticos revolucionários. Para os que consideram a revolução algo necessário na conjuntura política em torno da independência do país, Samora Machel foi um líder visionário. Para os que consideram a revolução como uma justificativa para um grupo tomar e consolidar o poder político, Samora Machel foi um instrumento duma ditadura que ultimamente levou o país à uma sangrenta e destrutiva guerra civil.

E muito do que se discute hoje sobre o que Moçambique podia ser (Estado ideal), e mesmo as desilusões dos comentadores nos mídia sobre a governação do país após Samora Machel, pode estar ligado ao facto de Machel ter demonstrado que Moçambique pode alcançar os seus objectivos caso haja vontade política.

Essa contestação sobre o seu papel histórico mostra em grande parte a sua posição entre os Moçambicanos como um dos marcadores mais fortes de unidade nacional no país.

WORD: Biografia Samora Machel FINAL REVISTO 16-12-2022

PDF: Biografia Samora Machel FINAL REVISTO 16-12-2022

FIM[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”3/4″][/vc_column][/vc_row]